Em briga de casal não se mete a colher, não é? Apesar disso, vou “meter a colher” em algumas histórias que aparecem nos e-mails que recebo e que valem a pena comentar.
Por fazerem parte da intimidade dos casais, elas ficam naquele terreno do segredo onde ninguém se mete ou aconselha. Muitas vezes, o próprio casal esconde a sete chaves por considerar antinatural, errado ou promíscuo.
Estamos falando de práticas sexuais, desde a falta total de sexo até aquelas que podem ser consideradas promíscuas por alguns. Mas, como tudo que envolve um casal, o que é combinado por ambos deve ter espaço na vida conjugal.
Não é incomum vermos casais que se deliciam em práticas como swing, ménage ou sadomasoquismo, por exemplo. E aqui não entra nenhum julgamento moral. Mas é importante que o casal tenha ampla concordância na prática e nos seus objetivos, para que não tenham o efeito contrário do que procuram.
Para que isso tenha uma chance maior de dar certo, essas práticas nunca devem ser vivenciadas em momentos de crise, monotonia ou para melhorar a relação, mas sempre como um complemento daquilo que já está bom.
Na outra ponta da intimidade ou falta dela está o casal que não faz sexo, e isso pode ocorrer até mesmo com aqueles muito bem casados ou íntimos.
Lembrando que, assim como nas práticas anteriores, essa não-prática deve ser um consenso entre o casal, pois, se um dos dois resolve se fechar para a sua própria sexualidade, o parceiro deve ser informado e ter a liberdade de escolher o que quer para si.
Nesse caso, é muito comum que o casal – engolido pela realidade da rotina, trabalho, filhos, doenças etc. – vá abandonando a vivência sexual sem se dar conta. E quando percebem a falta já existe uma distância abissal entre eles, que não permite nem que se fale sobre isso. E quando resolvem falar são só críticas e reclamações.
Ao levantar essas questões, que fazem parte do dia a dia de um consultório de terapia de casal, destaco que o recomeço sempre é possível, desde que exista o desejo. Mesmo com dificuldade de expressão, existem muitas formas de diálogo que não precisam de palavras: o olhar carinhoso, o cuidado com o parceiro, o interesse no outro…
E quando se dão conta, as mãos se encontram, durante um filme os braços se roçam, o perfume inebria e a intimidade se refaz.