Programa Studiobox com Maycow Montemor – Fechamento dos bares e restaurantes com Ana Hirigoyen e Fabrício Cardoso

No último dia 11, o Programa Studiobox com Maycow Montemor debateu sobre o fechamento de bares e restaurantes, com os convidados Ana Hirigoyen e Fabrício Cardoso.

Com o rápido aumento de mortes causadas pelo COVID-19, o estado de São Paulo decidiu implementar um lockdown, e consequentemente fechou setores do comércio como bares e restaurantes. A medida teve uma reação mista da população, visto que muitos ficaram com seus negócios fechados sem ajuda do governo, piorando sua situação econômica em um momento tão difícil. Segundo uma fiscal, os bares podiam funcionar até as 22h, com tolerância de 1h e meia a 2h pra poder esvaziar completamente o estabelecimento, pra até no máximo meia noite estar tudo fechado.

Alguns concordam com as restrições por causa da demora da vacinação. Já outros argumentam que muitas famílias dependem diretamente do estabelecimento e seu trabalho. “Você não consegue trabalhar, fica inviável. Tem público que sai tarde, quando eles chegam não dá pra servir”, aponta um comerciante.

“Do dia pra noite fomos proibidos de sair de casa, de trabalhar, e viver aquela vida tradicional que estamos acostumados. Para alguns, a casa virou o próprio escritório. A cama viro cadeira, a mesa da sala virou banca de trabalho, e tudo foi se confundindo. Onde começava a casa e onde terminava o trabalho já não se sabia mais. Fomos submetidos a fazer videoconferências, com gritos e esperneios dos filhos ao fundo. Eventualmente, reuniões foram feitas de pijama, e aquele lugar que usávamos para descansar e nos preparar para a jornada se tornou parte da jornada. Muita gente teve crises matrimoniais, refletiram sobre a educação dos filhos ou a falta dela, repensaram a maneira de viver, onde viver, como viver. Enfim, parte da população foi submetida a uma reflexão e reinvenção dos hábitos e costumes. Mas e aqueles que não conseguiram se reinventar? Como fazer quando seu trabalho envolve necessariamente o contato, a presença, a alegria de estar no meio de outras pessoas. Como levar a conversa de bar entre amigos e familiares pra casa, através do delivery? Como sustentar uma estrutura de dezenas de funcionários e, consequentemente dezenas de famílias, com as portas fechadas? Quando falaram para a gente ficar em casa me parece que esqueceram que todos precisam de seus trabalhos, e que nem todos os trabalhos podem se resumir a um computador com internet? Parece que esqueceram que um país de dimensões continentais não consegue dar assistência a toda população. Eu acho mesmo é que esqueceram que não somos todos iguais, e nem temos as mesmas condições, oportunidades e possibilidades.”, assim Maycow Montemor inicia a conversa.

Os convidados deste programa são Ana Hirigoyen é empresária do Bublet Casual Food, e Fabrício Cardoso é empresário e vereador.

Maycow pergunta a Ana como foi do dia pra noite converter uma operação que rodava presencialmente por delivery, como foi o caso do Bublet Casual Food. Ana conta que o delivery do restaurante não existia há um ano atrás, porque seu salão sempre foi muito forte desde que abriu. “Parece fácil operar um salão muito forte com um delivery muito forte, mas você acaba prejudicando as duas operações”. A escolha inicialmente era operar apenas pelo salão, com a possibilidade do Take Away, em que pessoas iam buscar seu pedido por não existir delivery.

Em março do ano passado tem a pandemia e Ana não pode abrir o salão. A equipe do Bublet Casual Food, tendo ciência daquele ponto fraco, optou naquele momento manter fechado e não tentar aos tropeços começar uma operação de delivery. O restaurante então, fechado totalmente por três meses, reformou suas cozinhas, se estruturou para separar o setor delivery e salão. Por quarenta dias também trabalharam com um cardápio reduzido, até puderem abrir com segurança para o público. Ana ainda revela, aliviada, que o Bublet Casual Food conseguiu não demitir ninguém.

O apresentador então aponta que os bares e restaurantes se mantiveram por um período em que qualquer empresa teria quebrado, assim como muitos bares e restaurantes quebraram. Maycow diz que a gestão de crise da coisa pública está acontecendo de uma forma bem displicente, e então questiona como Fabrício Cardoso enxerga essa situação, por fazer parte da tal coisa pública como vereador de Santos.

Fabrício diz que, ao ouvir o relato da Ana, acredita que quem mais sofreu foi quem não tinha um delivery em funcionamento e teve que aprender da noite por dia diante da adversidade.

“Sempre falo que sou comerciante e estou vereador”, comenta Fabrício. Ele acredita que houve um erro muito grande em como o governo do estado lidou com a situação de pandemia. Sob seu ponto de vista, nada poderia ter sido feito da forma que foi feito. Fabrício diz falar não só como vereador, mas sim um cidadão”. Ele também aponta que nenhuma empresa, apesar de estarmos vindo de outras crises, teve como planejar algo dessa magnitude. Fabrício aponta que a decisão de que os estados poderiam conduzir a situação da pandemia deixa de lado a questão administrativa. “Como você pode impor as mesmas condições, tratar os desiguais de forma igual”. O vereador ainda completa que o planejamento dos municípios são jogados fora quando vem a “ordem de cima”, como o governador. “É possível conciliar a questão econômica com a de segurança”, reforça.

Maycow segue os questionamentos levantamentos de Fabrício, ele completa dizendo que acredita que quando pensamos na gestão governamental, acabamos nos esquecendo da gestão federal, que atuou inicialmente como se não houvesse crise. Segundo ele, a palavra do homem mais poderoso do nosso país influencia na vida dos indivíduos. Com isso, os indivíduos rejeitam as normas de segurança. “Acho que quando a gente coloca a culpa em só um agente político, a gente de certa forma erra porque todos esses agentes estão negligentes.

O programa completa debatendo mais profundamente questões do tipo: como lidar com o desrespeito com clientes, a falta de cuidados no transporte público, como colaborar com a economia local, e como a própria legislação prejudica os empresários, como lidar com festas clandestinas. É um papo extremamente educativo que debate diferentes opiniões e concordâncias.

“Todos nós temos visões. Elas são as moldadoras silenciosas dos nossos pensamentos. Elas podem ser morais, políticas, econômicas, religiosas ou sociais. Nesses e em outros campos, nós nos sacrificamos pelas nossas visões e, às vezes, quando necessário, preferimos enfrentar a derrota a trai-las. Fazemos praticamente qualquer coisa por nossas visões, exceto pensar a respeito delas”, Maycow cita as palavras do filósofo Thomas Sowell de 1987.

Programa Studiobox com Maycow Montemor vai ao ar todo domingo ao meio dia na Santa Cecília TV.

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