Além de inovador no mercado da beleza, os Baldlocs se destacam pela renovação da autoestima de homens negros

Revolucionando o mercado da beleza nacional, Lucas Preto, CEO da Africarioca Conceito, desenvolveu o Baldlocs, técnica exclusiva que possibilita pessoas com calvície usarem dreads. Localizado em Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, o destaque da barbearia está justamente na especialização em serviços de beleza para a população negra. A modalidade desenvolvida pelo profissional atende desde o formato do rosto até a classificação capilar de uma pessoa calva e tem atraído público de todas as partes do Brasil por renovar a autoestima e dar novas perspectivas de vida. A novidade para 2024 é a segunda edição da turnê ‘Africarioca Na Estrada’, que vai levar a técnica para 9 estados brasileiros, incluindo Belo Horizonte, São Paulo, Fortaleza, Recife, Brasília, Porto Alegre, Florianópolis, Curitiba e Vitória.

Segundo dados da Sociedade Brasileira do Cabelo (SBC), mais de 42 milhões de brasileiros são afetados pela alopecia, também conhecida como calvície. A pesquisa também aponta que 80% dos homens após os 80 anos sofrem de calvície e 30% das mulheres com mais de 50 anos também podem apresentar alguma experiência com a queda dos fios de forma acentuada. Independente do sexo, o cabelo é um dos principais fatores que influenciam na autoestima dos seres humanos e lidar com a perda dele não é um processo tão simples.

“Só quem sofre com calvície sabe o desafio que é estar de bem com o espelho. Nossa pretensão é conseguir espalhar isso pelo mundo e ajudar o máximo de pessoas possíveis”, comenta Lucas Preto, CEO da Africarioca Conceito e desenvolvedor dos Baldlocs.

A técnica dos Baldlocs foi desenvolvida por Lucas há dois anos, como ideia para inovar no mercado da beleza afro. Autodidata no ramo da estética capilar, todo o processo criado pelo empreendedor, desde a produção da base do cabelo até a aplicação nos clientes, é autoral. O procedimento é realizado com needle technique (técnica de agulha) e não utiliza nenhuma substância danosa ao couro cabeludo, possibilitando e estimulando o crescimento nas regiões ainda propícias a terem fios.

O procedimento, cuja aplicação custa entre R$ 2 mil e R$ 3 mil, é uma opção mais acessível para calvos, levando em conta que hoje um transplante capilar gira em torno de 8 mil reais.

“Criei a técnica na minha cabeça, passei mais de 19 horas fazendo no primeiro cliente e deu muito certo. Não existe nada no Brasil ou no mundo parecido. Ver o que a Africarioca tem se tornado é a validação de todo o trabalho duro que estamos fazendo. Quem diria que aquela barbearia que começou com R$ 3 mil emprestados por um amigo iria se tornar essa potência”, ressalta Lucas Preto.

O boom da Africarioca não só permite a renovação da autoestima de homens e mulheres pretos, que enxergam no cabelo afro uma forma de resistência ao racismo estético, como também a geração de emprego e renda para 15 famílias negras. Em 2018, quando o salão foi inaugurado e os Baldlocs ainda não haviam sido criados, apenas três pessoas faziam parte da equipe. Atualmente, o faturamento mensal permite a contratação de 15 funcionários, que sustentam suas famílias através dos dreads, especialmente.

“É muito mais comum hoje crianças de 10 anos colocarem dreads, coisa que era inimaginável há alguns anos por ser “mal visto”. Graças às lutas sociais dos movimentos negros, o dread se tornou um ponto de conexão entre o eu oprimido e a autoestima. Aqui as pessoas literalmente choram ao se olharem no espelho após eu ter finalizado o trabalho”, conta Lucas Preto.

Crédito: Divulgação

Baldlocs ganham o Brasil

O sucesso dos Baldlocs tem ganhado o Brasil. Após visitar cinco estados no ano passado com a técnica, em 2024 o projeto Africarioca na Estrada terá como destino nove capitais. Entre elas: Belo Horizonte (22, 23 e 24 de agosto), São Paulo (26, 27, 28, 29, 30, 21 de agosto), Fortaleza (17 e 18 de setembro), Recife (20 e 21 de setembro), Brasília (23 e 24 de setembro), Porto Alegre (15 e 16 de outubro), Florianópolis (18 e 19 de outubro), Curitiba (21 e 22 de outubro) e Vitória (2 e 3 de novembro).

As nove capitais foram escolhidas de acordo com a demanda criada entre os mais de 40 mil seguidores da Africarioca nas redes sociais. Para que seja possível aplicar os Baldlocs, é necessário que a pessoa não seja totalmente careca e esteja com cabelo com, no mínimo, 4 centímetros de comprimento. O procedimento também pode ser feito em fios lisos, desde que tenha um tamanho de 7 centímetros de cabelo para manter a prótese bem fixada.

Além de gerar a possibilidade de mais brasileiros com calvície terem acesso à técnica, a turnê vai servir como forma de compartilhamento de conhecimento para dreadmakers locais, que vão ser certificados para realizar a manutenção dos clientes atendidos nas capitais pela Africarioca. A certificação não se restringe ao treinamento prático, que será oferecido durante as visitas, mas também contará com uma mentoria de marketing de até seis meses para que os profissionais consigam divulgar seus trabalhos e precificar o serviço com base no público-alvo.