Mulheres que tiveram problemas cardíacos na gravidez têm maior risco de desenvolver doenças cardiovasculares no futuro. A notícia é resultado de estudo realizado por pesquisadores do Departamento de Obstetrícia, Ginecologia e Ciências Reprodutivas da Faculdade de Medicina da Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos. Segundo eles, oito em cada 10 mulheres que desenvolveram distúrbios hipertensivos na gestação, seguem com o problema ou após a alta hospitalar.
Por este motivo, estas mulheres devem ter um acompanhamento ainda mais rigoroso, visto que comparadas às gestantes que permaneceram com a pressão normal ao longo da gravidez, houve mais idas ao pronto-socorro e reinternações após a alta hospitalar, apontou o estudo.
O estudo, publicado no JAMA Cardiology, acompanhou 2.705 mulheres durante seis semanas após o parto.
Hipertenção arterial
A hipertensão arterial, ou pressão alta, é uma condição de saúde que afeta diversos órgãos do corpo, especialmente o coração e o cérebro. Em muitos casos, o problema não apresenta sintomas e as pessoas convivem com a pressão alta por muito tempo até que seja diagnosticada.
Segundo o Dr. Alexandre Rossi, médico ginecologista e obstetra, responsável pelo ambulatório de Ginecologia Geral do Hospital e Maternidade Leonor Mendes de Barros e médico colaborador de Ginecologia da Faculdade de Medicina da USP, diversos fatores podem levar ao aumento da pressão arterial, entre eles o tabagismo, consumo excessivo de bebidas alcoólicas, sobrepeso ou obesidade, estresse, grande consumo de sal e alimentos industrializados, níveis altos de colesterol e o sedentarismo.
Hipertensão na gestação
Nas mulheres, explica o Dr. Alexandre, a hipertensão arterial oferece sérios riscos durante a gestação. Por este motivo, a cada consulta do pré-natal, o médico obstetra verificará a pressão da gestante.
“Mesmo mulheres que nunca apresentaram o problema antes podem desenvolvê-lo ao longo da gravidez, devido a alterações que ocorrem no organismo nesta fase.”
Caso o médico observe o aumento da pressão arterial, algumas mudanças na alimentação e na rotina da gestante serão indicadas e poderão ser suficientes para normalizar o quadro. Caso contrário, há o risco de pré-eclâmpsia ou doença hipertensiva específica gestacional, que são situações que exigirão um controle mais rigoroso, que incluirá, além da orientação nutricional, também medicamentos e exames complementares.
“Ao longo da gestação, sinais como dor de cabeça, visão embaçada ou sensação de ‘luzes piscando’, podem ser sintomas de hipertensão arterial. Além destes, dificuldade para respirar, dor no lado direito do abdome e inchaço no rosto ou nas mãos devem ser relatados ao médico.”
Vale lembrar que mulheres que tiveram pré-eclâmpsia em gestações anteriores têm mais chances de apresentar hipertensão arterial em uma nova gravidez.