Especialista do IBCC Oncologia explica alternativas de tratamento durante a gravidez e no puerpério, ressaltando a segurança para mãe e bebê

A descoberta de um câncer durante a gestação traz desafios emocionais e médicos para a mulher e sua família. Recentemente, a influencer Isabel Veloso, diagnosticada com linfoma de Hodgkin, compartilhou sua jornada de tratamento durante a gravidez, exemplificando a força de muitas mulheres que enfrentam essa situação. Casos como o de Isabel ilustram que, apesar das dificuldades, é possível conciliar o tratamento oncológico com a gestação, seguindo cuidados especializados e um planejamento adequado.

A Dra. Cicilia Marques Rodrigues, oncologista clínica do IBCC Oncologia, destaca que, com os avanços da medicina, o câncer na gestação pode ser tratado com segurança para a mãe e o bebê. “A avaliação de cada caso é essencial, levando em conta a saúde da paciente, a idade gestacional e o tipo de tumor”, afirma.

Desafios do câncer na gravidez

O câncer na gravidez, que abrange os tumores diagnosticados tanto durante a gestação quanto no puerpério (período até um ano após o parto), é um desafio, mas pode ser superado. “Cada caso precisa de avaliação individual, considerando fatores como saúde geral da paciente, idade gestacional, tamanho e localização do tumor, e se houve ou não metástase”, explica Dra. Cicilia. A escolha do tratamento depende dessas variáveis, sempre priorizando a segurança de mãe e bebê.

Quimioterapia durante a gravidez

A quimioterapia pode ser usada com restrições durante a gestação. “Evita-se o uso de medicamentos antimetabólicos, que podem causar malformação fetal”, diz a Dra. Cicilia. A primeira sessão deve ocorrer após a 15ª semana, quando os órgãos do bebê já estão formados, minimizando os riscos. A placenta e os órgãos maternos, como fígado e rins, ajudam a proteger o feto. A última sessão de quimioterapia deve ser feita quatro a seis semanas antes do parto para permitir que o bebê se desintoxique de possíveis resíduos quimioterápicos.

Tratamento multidisciplinar

Cada tipo de câncer exige abordagens diferentes. O câncer de mama, comum na gestação, pode ser tratado com cirurgia e quimioterapia, mas radioterapia e hormonioterapia são evitadas. “A decisão do tratamento envolve uma equipe multidisciplinar, com oncologistas, obstetras e pediatras neonatais”, afirma a Dra. Cicilia. Essa abordagem integrada assegura o acompanhamento tanto da mãe quanto do bebê durante a evolução do câncer e da gravidez.

Alternativas de tratamento

Além da quimioterapia, cirurgias para remover tumores podem ser realizadas durante qualquer fase da gravidez, dependendo do estágio do câncer. Já a radioterapia e terapias-alvo são evitadas devido ao risco para o feto, sendo normalmente adiadas para o pós-parto.

Câncer no puerpério

O diagnóstico de câncer no puerpério também apresenta desafios. Nessa fase, é essencial que as mães mantenham o acompanhamento médico, pois o diagnóstico precoce é fundamental. Nesses casos, os tratamentos podem ser mais amplos, sem os mesmos riscos que existem durante a gestação.

Expectativa de cura

A expectativa de cura do câncer durante a gestação é comparável à de pacientes não gestantes, especialmente quando o diagnóstico é precoce. “A evolução dos tratamentos permite que muitas mulheres enfrentam o câncer sem precisar interromper a gestação”, ressalta Dra. Cicilia.

O câncer na gestação ou no puerpério exige cuidados especiais, mas é possível conciliar o tratamento oncológico com a saúde do bebê. Com a abordagem correta e o acompanhamento de uma equipe multidisciplinar, muitas gestantes conseguem seguir com a gravidez enquanto tratam a doença, mantendo a segurança e o bem-estar de ambos.