É inegável o poder da inteligência artificial no mundo contemporâneo. Sua ascensão em diversas frentes (para não falar em todas) segue transformando drasticamente não apenas a forma como vivemos, mas também como agora atuamos no mercado de trabalho. Enquanto alguns veem a IA como uma ameaça iminente ao emprego humano, outros consideram uma oportunidade única para recalcular rotas e vislumbrar novos horizontes. Afinal, o “futuro” está logo ali; as tendências que pensávamos ver em 10 ou 20 anos prometem chegar em curto prazo. 

A OpenAI, por exemplo, player mais proeminente do setor de inteligência artificial, anunciou há poucos meses uma de suas mais novas empreitadas, o Sora, gerador de vídeos a partir de prompts em texto. A ferramenta promete ser outra revolução, agora na criação de conteúdo audiovisual, com funcionalidades de áudio e edição de vídeos, que visam ampliar a realidade das cenas geradas e oferecer maior controle criativo aos usuários. E a profusão de soluções similares, desde então, é inacreditável. Todo um mercado de artes audiovisuais, empresas de comunicação e afins potencialmente “disruptado” em semanas. 

Segundo recente relatório sobre o Futuro do Trabalho, elaborado pelo Fórum Econômico Mundial, espera-se que 23% das ocupações em todo o mundo se modifiquem até 2027. De acordo com as estimativas das 803 empresas pesquisadas, os executivos estimam que 69 milhões de novos empregos sejam criados e 83 milhões eliminados.  

Funções administrativas ou de secretariado, incluindo caixas de banco e escriturários de entrada de dados, deverão sofrer declínio mais rápido. Por outro lado, vagas que têm o potencial de crescer significativamente serão impulsionadas justamente pela tecnologia e digitalização de processos, como analistas e cientistas de dados, especialistas em big data, IA e aprendizado de máquina, profissionais de segurança cibernética, entre outras. 

Lifelong learning e a urgência da requalificação 

Diante das transformações inerentes aos avanços tecnológicos, os profissionais de hoje precisam estar dispostos a aprender continuamente para se adaptarem às novas tecnologias e, consequentemente, às demandas do mercado de trabalho atual. Ou seja, o conceito de lifelong learning, que ao pé da letra significa aprendizado ao longo da vida, nunca esteve tão em alta como agora.  

No mesmo relatório citado anteriormente, sobre o Futuro do Trabalho, as empresas relatam que as lacunas de habilidades e a incapacidade de atrair talentos são as principais barreiras à transformação, mostrando a clara necessidade de treinamento e requalificação em todos os setores. Isto é, 6 em cada 10 trabalhadores precisarão de treinamentos antes de 2027. 

À medida que a IA automatiza tarefas rotineiras, a maioria dos profissionais precisará desenvolver competências complementares à tecnologia. Isso pode incluir aspectos sociais, de resolução de problemas complexos e até mesmo capacidades criativas, que são (em tese, veremos no futuro se é fato) menos suscetíveis à automação. A busca pela requalificação é a chave para estarmos em sintonia com as funções destes novos tempos. Logo, o foco não deve ser direcionado ao medo da extinção de um cargo ou área, mas, sim, à capacidade de usar a tecnologia a favor das atividades diárias, independentemente do segmento de atuação.  

Afinal, nada nem ninguém é capaz de abalar uma pessoa determinada a aprender, quando se tem acesso a oportunidades de treinamentos. Somente assim será possível não perder a relevância no cenário profissional, conquistar vantagem competitiva e, de quebra, contribuir para a inovação. A vida é constante movimento e transformação e isso nunca vai mudar – faz parte da natureza. O conhecimento contínuo, portanto, é a ferramenta para a ação. Não saber não é motivo para não buscar recursos “para fazer acontecer”. 

*Por Fernando Moulin, partner da Sponsorb, professor e especialista em negócios, transformação digital e experiência do cliente