O cuidado com a saúde masculina ainda enfrenta barreiras culturais no Brasil. Pesquisas do Ministério da Saúde mostram que os homens vivem, em média, sete anos a menos do que as mulheres, e uma das principais razões é a falta de prevenção. Apesar de representarem 48% da população brasileira, os homens respondem por apenas 30% das consultas médicas realizadas na atenção primária.

O dado reforça um comportamento já conhecido por especialistas: a resistência masculina em procurar atendimento médico, muitas vezes motivada por preconceito, desinformação ou pela crença de que apenas pessoas doentes devem ir ao consultório. Essa postura, no entanto, tem consequências graves. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 80% das mortes prematuras entre homens poderiam ser evitadas com diagnóstico precoce e mudança de hábitos de vida.

De acordo com o proctologista, Pablo Veloso, existe uma diferença entre o homem gay e o homem hetero na procura pelo médico e na também na exposição que ele dá para diversos assuntos relacionados a saúde. “O homem hetero vem direcionado pela mulher, pois ele não quer ir para a consulta. Observando de maneira geral dentro da Proctologia, os pacientes heteros já chegam ao consultório com uma hemorroida muito avançada, ele já sofreu muito, existem casos de anemias associadas a doença”, comenda o médico.

Doenças como hipertensão, diabetes, câncer de próstata e doenças cardiovasculares estão entre as principais causas de morte da população masculina. O câncer de próstata, por exemplo, é o segundo mais incidente entre homens brasileiros, atrás apenas do câncer de pele não melanoma. O Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima mais de 71 mil novos casos anuais até 2025, o que reforça a necessidade de exames de rotina, especialmente a partir dos 50 anos — ou antes, em casos de histórico familiar.

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Além dos exames periódicos, médicos destacam a importância da adoção de hábitos saudáveis como alimentação equilibrada, prática regular de atividade física e abandono do tabagismo e do consumo excessivo de álcool. Estudos indicam que a prática de exercícios físicos pode reduzir em até 40% o risco de doenças cardíacas, uma das principais causas de óbito entre homens no Brasil.

Para especialistas, ampliar o debate sobre a saúde masculina é essencial para derrubar preconceitos e estimular a prevenção. Campanhas como o Novembro Azul, que conscientiza sobre o câncer de próstata, têm papel relevante, mas ainda é preciso que os homens incorporem o autocuidado ao dia a dia, de forma contínua, e não apenas em ações pontuais.

Em um país em que a expectativa de vida masculina é de 73 anos, contra 80 das mulheres, o desafio é transformar informação em atitude. A ida regular ao médico, a realização de exames de rotina e a adoção de hábitos saudáveis são passos fundamentais não apenas para aumentar a longevidade, mas também para garantir qualidade de vida.

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