Mais do que organizar espaços e escolher acabamentos, a arquitetura é uma forma de traduzir identidades. Cada traço, material e escolha de layout pode revelar um pouco da história e da personalidade de quem habita o espaço. No Brasil, essa percepção tem ganhado força nos últimos anos, acompanhando o crescimento do interesse por projetos personalizados e pelo desejo de transformar a casa em um verdadeiro reflexo do estilo de vida.

De acordo com dados do Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU Brasil), o número de projetos residenciais registrados no país cresceu cerca de 18% entre 2020 e 2024, impulsionado pela valorização do lar durante o período pós-pandemia. Com mais tempo em casa, as pessoas passaram a buscar ambientes que fossem funcionais, acolhedores e esteticamente alinhados às suas preferências.

Para os profissionais da área, o papel do arquiteto vai muito além do aspecto técnico: é ele quem dá forma aos desejos e traduz as necessidades do morador em soluções espaciais. Para a arquiteta Leandra Ferreira, a vivencia das pessoas mudou e elas passaram a querem receber mais a família e os amigos em uma casa mais ampla.

“Mudou muito, as pessoas querem receber. Antes estava muito em alta apartamentos compactos e hoje cresceu novamente a procura por apartamentos maiores. A procura do consumidor hoje é amplitude para receber pessoas dentro de casa para jogar ou fazer jantares ou almoços.”

Reprodução: Instagram @arquiteta.leandraferreira

Além de um espaço maior, os consumidores também procuram pelo conceito de “personalidade arquitetônica” tem relação direta com escolhas como materiais, iluminação, integração de ambientes e uso de cores. Uma casa de linhas retas e concreto aparente, por exemplo, pode expressar modernidade e minimalismo, enquanto o uso de madeira natural e tons terrosos remete à natureza e ao conforto.

A Kazarrô, loja situada em Santos, é um exemplo variedade de produtos que garantem essa personalidade na casa das pessoas. Leandra é uma das arquitetas que utilizam os produtos da loja em seus projetos. “A gente tem uma grande variedade de clientes e de estilos. Uns clientes querem algo mais tradicional e já não curte a linha orgânica. Então a gente precisa de espaço, e por lá eles não param de estar comprando e temos essa parceria muito grande.”

Além da estética, a arquitetura personalizada também influencia o bem-estar. Pesquisas da Universidade de São Paulo (USP) indicam que ambientes planejados de acordo com o estilo de vida dos moradores melhoram a sensação de pertencimento e reduzem níveis de estresse. O projeto arquitetônico, portanto, não é apenas uma questão de beleza — é também uma ferramenta de saúde emocional e qualidade de vida.

Reprodução: Instagram @arquiteta.leandraferreira

Outro ponto em destaque é a sustentabilidade. Arquitetos têm buscado incorporar soluções que unam estética e responsabilidade ambiental, como ventilação cruzada, iluminação natural e uso de materiais recicláveis. Essa preocupação reflete uma tendência global: segundo o World Green Building Council, construções sustentáveis já representam cerca de 40% dos novos projetos residenciais em grandes centros urbanos.

Em um cenário em que morar vai muito além de ter um teto, a arquitetura surge como uma aliada na construção de lares com identidade. Mais do que seguir tendências, projetar uma casa com personalidade é um exercício de autoconhecimento — e, em última instância, uma forma de arte habitável.

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