Segundo o sociólogo Byung-Chul Han, “Nós produzimos para a produção. Nós ganhamos visibilidade e expomo-nos como mercadorias”. Aproveitando a colocação, gostaria de questionar se você é capaz de saber de quem exatamente você está sendo mercadoria, e para qual fim sua produção está sendo destinada. Estamos aprisionados à liberdade, e sem saber quem somos será cada vez mais difícil a compreensão de que não seremos tudo que queremos.
A vida impõe limites, seja de ordem natural, genética ou cognitivo comportamental. Seu filho provavelmente não será o que você deseja, e isso não quer dizer que ele não é o melhor que pode se não atingir as suas expectativas. Veja, as expectativas são suas.
Cabe aos pais as dores e as frustrações, dentro da liberdade de escolha. E como toda escolha está ligada a uma renúncia, cabe a si a consciência de que sempre haverá perdas. Educação não se constitui apenas por palavras difíceis e austeridade, mas se dá pelo exemplo, pelas atitudes e pela maneira com que o seu comportamento impacta a vida daquele indivíduo. Já ouviu falar que “a fruta não cai muito longe do pé”?
Pois bem, se o seu filho é capaz de amar é porque ele teve contato com esse sentimento. Se é capaz de respeitar é porque viu o respeito na maneira com que você tratava as pessoas. E se ele é capaz de agredir, tenha certeza de que também seguiu os passos daqueles que para ele são referência. Os discursos bonitos de empatia dentro de casa não terão efeito se ao passar pelo porteiro do prédio você o destratar.
Quando vejo um jovem completo, de fala ponderada, educado e receptivo, que age com naturalidade com aquilo que é diferente mesmo estando completamente fora do seu habitat natural, meu coração se aquece, pois noto que ali houve o desenvolvimento satisfatório do indivíduo. Isso não o coloca como alguém perfeito e sim como alguém que teve seu desenvolvimento respeitado e suas necessidades abarcadas no seio familiar.
Quase nunca a questão financeira representa algo superior a presença, repreensão, educação, acolhimento e ordenamento por parte dos pais. É necessário que o indivíduo saiba que existe um mundo além do que ele vive e que nesse mundo ele deve ser adaptável, para contribuir positivamente na construção dessa sociedade que exerce função no desenvolvimento do indivíduo.
Sartre diz que não existe eu sem o outro e não existe outro sem o eu. Sendo assim, o que me incomoda no externo é parte de mim e se eu realmente quiser mudar algo no mundo, devo iniciar mudando no meu eu.