A Casa de Saúde Anchieta, um antigo manicômio, existiu entre os anos de 1951 e 1996, em Santos e ficou conhecida como “casa dos horrores”. No local, os pacientes ficavam sem roupas, eram enjaulados, comiam no mesmo local que defecavam e chegavam a receber eletrochoques. O local foi interditado em 1989 e deixou de existir após a criação dos Núcleos de Atenção Psicossocial (NAPS), tornando Santos a cidade pioneira na luta antimanicomial.

Renato di Renzo, pedagogo e arte educador, esteve presente em boa parte dessa luta em Santos e relembra as condições do local.

“Não exista chuveiro quente, a alimentação era precária, tinha o uso indiscriminado de remédios e eletrochoque”, afirma.

Crédito: Arquivo/Jornal A Tribuna

Na época existia um movimento para a humanização do tratamento e atendimentos dos pacientes, esse movimento ganhou força e a intervenção foi determinada pela então prefeita de Santos, Telma de Souza.

“Nós tínhamos ali um cenário de quase 700 pessoas para um local com 200 leitos. Nisso acontece a banalização dos casos, da saúde, do cuidar e passa a ser qualquer coisa”, relembra Renato.

Após muitas lutas o local se transformou completamente e as pessoas que eram atendidas no local voltaram para a casa dos seus familiares ou passaram a ser atendidos nas chamadas “Residências Protegidas” oferecidas pela prefeitura.

Projeto TAMTAM

O arte educador e pedagogo tem ligação com o local desde criança, Renato relembra que um vizinho chegou a comentar com ele, ainda criança, que em algum momento ele ficaria na Casa de Saúde Anchieta.

“É um retrato da minha infância também, a gente pegava a bicicleta e ficava andando pelo bairro. A gente ficava com mil curiosidades sobre o que existia ali dentro”.

De fato a história do Renato se encontrou com a da Casa de Saúde Anchieta, no local ele dava aulas de teatro e assim nasceu o projeto TAMTAM que o criador resume como: “é o dançar com o mais feio, é tirar para dançar o mais feio”.

Hoje o projeto já tem 35 anos e continua atuando com a inclusão e transformação da sociedade em que vivemos.

Assista a reportagem na íntegra: