Oficina integra a programação do evento para difundir reflexões sobre moda e cultura ensinando noções básicas do ofício, capazes de qualificar os participantes para geração de renda própria
Em seus 27 anos de existência, a Casa de Criadores (CdC) sempre cultivou uma programação variada em torno da moda autoral e das frentes nas quais ela pode se desdobrar além dos desfiles, como apresentações musicais, exposições e oficinas de criação. Para a CdC, moda é tanto uma expressão estética como um ofício, instrumento para autonomia financeira e afirmação social. Para sua edição 54, que se inicia no dia 24 e depois segue entre 26 e 30 de julho, a Casa se une ao Sebrae-SP para colocar na programação a oficina Crie Moda Autoral Trans-Forma. O evento será realizado em locais históricos de São Paulo, dentro do Vale do Anhangabaú.
Com inscrições gratuitas, a oficina de qualificação profissional em moda tem o foco em sustentabilidade, com processos de reuso e reaproveitamento de materiais, voltada exclusivamente para a população trans. Além das noções práticas, a oficina também vai guiar os participantes a pensarem na elaboração das materialidades da moda como registro de suas vivências como pessoas trans.
Os módulos da oficina vão acontecer entre os dias 26 e 30 de julho, de 10h às 18h, na Galeria Prestes Maia (Vale do Anhangabaú). A iniciativa é aberta a todas as pessoas transgênero, com ou sem formação e independentemente de terem ou não experiência em moda. Para participar, deve ser feita, primeiro, uma inscrição no link do formulário para registro de interesse, até o dia 17 de julho. Todas as pessoas inscritas passarão por um processo de seleção que levará em conta critérios de inclusão social, sendo contemplades 25 que estejam em situação vulnerável e aptos à participação. O objetivo é experimentar, gerar e difundir pensamentos atrelados à moda e à cultura, com foco em capacitação profissional através do ensino de noções básicas do ofício – de forma que, a partir desse aprendizado, os participantes possam iniciar seus negócios e assim ter mais condições de obter renda.
O mote principal da iniciativa está na a redesignação têxtil e em re-exercitar a capacidade de reutilização de materiais têxteis descartados, aplicando-os em novos formatos, ressignificando o descarte e criando um elo entre o têxtil e a arte: isso se dá na utilização desses elementos tidos como resíduos em diferentes técnicas manuais para catalogar a existência de pessoas trans através do fazer artístico e representá-lo enquanto objetos de arte. Os professores dos módulos serão o designer e artista visual Alexandre dos Anjos, que abordará os processos criativos guiados por ancestralidade e memória, o designer Jorge Feitosa, que conduz a área de corte e costura com abordagem colaborativa, numa instalação têxtil, e a designer e multiartista Dayony Moura, que desenvolve o tema do reuso de materiais.
“A oficina Crie Moda Autoral Trans-Forma está sendo promovida pelo Crie, o Polo de Referência em Economia Criativa, liderado pelo Sebrae-SP. Um dos objetivos do Crie é fomentar o campo da moda no âmbito da economia criativa, contribuindo para a geração de inclusão e renda por meio dessa atividade. Nesse sentido, é uma satisfação para nós realizar uma oficina tão alinhada com nossos valores e com um potencial de impacto tão interessante”, afirma Martha Lopes, consultora de economia criativa e gestora de projetos para moda autoral do Sebrae-SP.