O recente depoimento da apresentadora Tati Machado, que retornou à TV e compartilhou com o público a dor de perder seu filho Rael, ainda no oitavo mês de gestação, trouxe à tona um tema delicado e muitas vezes silenciado: o luto perinatal. Assim como Tati, milhares de mulheres enfrentam a dor profunda de perder um bebê pouco antes ou logo após o nascimento – uma experiência devastadora, mas frequentemente invisibilizada.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a morte fetal tardia (a partir da 28ª semana de gestação) ainda é uma realidade para muitas famílias ao redor do mundo. No Brasil, estima-se que ocorra cerca de 1 morte a cada 100 nascimentos, e mesmo com os avanços na medicina, o luto gestacional ainda é tabu. Muitas mães não se sentem autorizadas a viver esse luto de forma legítima, o que pode agravar os impactos emocionais e psicológicos.

Para a psicanalista Araceli Albino, presidente do SINPESP (Sindicato dos Psicanalistas do Estado de São Paulo), o apoio psicológico especializado é essencial para atravessar essa fase. “O luto perinatal é marcado por uma dor intensa, muitas vezes solitária. As mães enfrentam sentimentos como culpa, impotência, raiva e profunda tristeza. A psicanálise oferece um espaço seguro para que essas emoções sejam acolhidas, nomeadas e elaboradas”, explica.
O atendimento psicanalítico especializado em luto perinatal não apenas ajuda a mãe a atravessar a dor, mas também oferece recursos para que a perda seja ressignificada, respeitando a memória do bebê e o vínculo que já havia sido criado. “Muitas vezes é necessário reconstruir a narrativa da maternidade, entender que esse filho existiu, foi amado, e que a dor não precisa ser escondida. Isso é um passo importante para que a mulher possa seguir em frente sem negar sua história”, afirma Araceli.

Além disso, a escuta terapêutica pode envolver o companheiro, familiares e irmãos, quando houver, ajudando a integrar essa perda no núcleo familiar, de forma respeitosa e saudável.
O SINPESP, liderado por Araceli, promove há mais de 20 anos o acesso à psicanálise com profissionais qualificados em diversas áreas, incluindo o luto perinatal, oferecendo também serviços a preços acessíveis por meio de clínicas parceiras, como a Clínica Ana Joaquina, em São Paulo.
Buscar ajuda não é sinal de fraqueza, mas de coragem. O sofrimento não precisa ser vivido sozinho – acolher a dor é o primeiro passo para transformá-la.