Nos últimos anos, o panorama da cirurgia plástica no Brasil tem mostrado crescimento consistente, movimentado tanto por demandas estéticas quanto por mudanças demográficas, tecnológicas e culturais. Dados levantados por instituições como a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), a Associação Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS) e outras entidades do setor permitem traçar tendências marcantes. O Brasil continua entre os países que mais realizam cirurgias plásticas no mundo.

Em 2022, foram realizadas cerca de 2,05 milhões de cirurgias plásticas no país, número que subiu para aproximadamente 2,185 milhões em 2023, representando um crescimento de cerca de 9%. A densidade de cirurgiões plásticos também tem aumentado: de aproximadamente 2,5 por 100 mil habitantes em 2013 para cerca de 4 por 100 mil em 2022. Em 2024, o número de cirurgiões plásticos licenciados no Brasil era de aproximadamente 7 mil, levemente inferior ao pico de 7,8 mil verificado em 2022. A composição dos tipos de cirurgia plástica tem mostrado tanto estabilidade quanto algumas mudanças graduais nas preferências.

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Entre os procedimentos cirúrgicos mais comuns no Brasil em 2022, a lipoaspiração liderou com cerca de 388 mil casos, representando quase 30% do total, seguida pelo implante de silicone, com aproximadamente 273 mil cirurgias, o equivalente a 21%. Em terceiro lugar está a abdominoplastia, com mais de 112 mil intervenções, seguida pela blefaroplastia (cirurgia das pálpebras), com cerca de 81 mil procedimentos. Mastopexia, rinoplastia, aumento de glúteos e lifting facial também aparecem entre os mais procurados. No ranking mundial, a lipoaspiração permanece como o procedimento cirúrgico estético mais realizado, seguida pelo aumento mamário, blefaroplastia, abdominoplastia e rinoplastia.

O médico e cirurgião plástico, Josué Montedonio, comenta que em muitos dos procedimentos o paciente deseja algo que viu em alguém e acredita que vai ser bom pra ela, porém nem sempre os procedimentos dão certo para todos, ou seja, é preciso analisar caso a caso de cada paciente.

“Você tem que entender qual a expectativa do paciente para saber se você é capaz de entregar aquilo que ele espera. E muitas vezes a expectativa do paciente é irreal e isso nenhum médico vai conseguir entregar. A cirurgia plástica é um ramo da cirurgia geral e tem perigo, então você tem que entender de é real ou não”, comenta.

O crescimento do setor é impulsionado por diversos fatores. O envelhecimento populacional, por exemplo, tem estimulado a procura por procedimentos que amenizem marcas naturais do tempo, como lifting facial e blefaroplastia. Dados do IBGE indicam que até 2030 o país deverá ultrapassar 30 milhões de pessoas com mais de 60 anos, e este público tem se tornado cada vez mais relevante na demanda por cirurgias.

Não é somente os mais velhos que procuram pelos procedimentos estéticos, os jovens também procuram por esses métodos. Um caso que ficou bem conhecido nas redes sociais recentemente foi o procedimento realizado pela Anitta, onde a internet ficou surpresa com as mudanças.

“A fórmula da juventude sempre foi buscada pela nossa sociedade, desde as épocas remotas. Tudo na vida evolui e a cirurgia plástica também. As técnicas de rosto foram se aprimorando cada vez mais e é legal que quando uma pessoa midiática faz o procedimento é que você trás luz para esses procedimentos que já são consagrados, mas que acabam sendo debatidos em rede nacional ou mundial”, comenta Josué.

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Outro ponto é a recuperação após a pandemia: houve queda nos procedimentos em 2020 e 2021, especialmente entre cirurgias de contorno corporal para pacientes pós-bariátricos, mas a retomada foi rápida nos anos seguintes. Além disso, mudanças nos padrões de beleza e a influência das redes sociais têm papel decisivo na popularização de certas intervenções, como o foco no contorno corporal e no rejuvenescimento facial. Apesar do crescimento, o setor enfrenta desafios, como a desigualdade regional na oferta de profissionais: a Região Sudeste concentra a maior parte dos cirurgiões plásticos, enquanto Norte e Nordeste ainda apresentam menor disponibilidade de especialistas.

Questões de segurança, regulamentação e ética também permanecem centrais, especialmente diante da oferta crescente de procedimentos realizados por profissionais não habilitados. Ainda assim, a população idosa tem se tornado um grupo com crescimento expressivo de procura, não apenas por estética, mas também por qualidade de vida, autoestima e bem-estar psicológico. Especialistas projetam que o Brasil continuará ampliando o número de procedimentos plásticos, com destaque para os minimamente invasivos e aqueles voltados à estética facial e ao contorno corporal.

A tecnologia, com técnicas menos invasivas, uso avançado de anestesias e recuperação mais rápida, deve contribuir para tornar os procedimentos cada vez mais acessíveis. Além disso, espera-se que o crescimento demográfico da população idosa e um maior poder aquisitivo das classes médias impulsionem ainda mais o mercado nos próximos anos.

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