Cirurgiões plásticos investem no que há de mais moderno na medicina para garantir melhor atendimento aos pacientes.

Para os médicos Josué Montedonio e Fernanda Audi, a medicina no Brasil está em constante evolução, principalmente em relação à parte tecnológica. Por ser um dos países com maior adesão à cirurgia plástica, profissionais que querem se destacar e entregar resultados que aumentem a autoestima dos pacientes, devem focar em atualização constante.

Criadores de um clínica em Santos, com as mais modernas soluções para
oferecer o melhor ao público, os cirurgiões concederam uma entrevista
exclusiva à Studiobox, em que relembraram primeiros passos na carreira e
principais conquistas na vida pessoal e profissional.

Pergunta: Como foi a sua infância e adolescência? Teve alguma experiência ou hobby que hoje você relaciona com o seu interesse pela medicina?

Fernanda: Cresci no meio da medicina por conta da minha mãe, tive contato desde cedo, passava visita com ela no hospital. Em alguns momentos, ela fazia ambulatório e eu e minhas irmãs ficávamos em um consultório do lado de onde atendia. Não foi bem um hobby, mas várias
brincadeiras da nossa infância envolviam atendimento médico e tudo mais, porque estávamos frequentemente em ambiente hospitalar.

Josué: Nascido e criado em Santos, estudei na escola Americana de Santos, localizada no Morro da Nova Cintra, que era período integral. Sempre fui muito adepto a esportes carte! Sempre pratiquei artes marciais (judô e taekwondo) e participava de campeonatos, inclusive fui campeão estadual e nacional na época e sempre dedicava um tempo especial às artes. Fazia aulas de desenho e pintura com intuito de aprimorar as técnicas e hoje, vejo que é bastante útil na minha vida profissional, tanto em cirurgia, como nas confecções das ilustrações que posto para ajudar a educar e esclarecer pacientes de uma maneira lúdica e leve.

P.: Quando percebeu que a medicina seria a sua escolha profissional? Lembra qual foi a sua primeira experiência na área?

F.: Nunca tive dúvida que faria medicina. Uma vez, quando tinha por volta de 15 anos, acompanhei minha mãe em uma consulta de dermatologia, ela foi aplicar botox e fazer alguns procedimentos, era uma amiga dela que estava atendendo e naquele momento eu entendi que era o que queria fazer.

Desde pequena sempre fui muito vaidosa, passava batom, me arrumava toda, cheia de tiara e adereços, então sempre essa característica e sempre gostei de medicina e encontrei algo que englobava tudo. Inicialmente pretendia fazer dermatologia, para trabalhar com a parte estética.

Quando cheguei na faculdade e tive contato com o centro cirúrgico, me apaixonei e vi que era o que queria fazer, que eu tinha que estar ali, fazendo procedimentos. Sempre fui muito ativa, boa com atividades manuais e possuía uma certa destreza e segui cirurgia plástica.

J.: Desde criança sempre tive muito contato com a medicina por meu ai ser cirurgião plástico, então eu acompanhei a rotina em hospitais, clínicas e nos ambulatórios, e é um cenário que sempre me fascinou bastante. Lembro que ia para o hospital e o esperava no Pronto Atendimento, vendo a forma como ele se relacionava com os pacientes, com os funcionários e colegas. Eu admirava muito e sempre o usei como fonte de inspiração.

P.: Qual a sua maior motivação profissional?

J.: À minha maior motivação profissional é conseguir e poder ajudar o próximo, ser útil para alguém, em algum momento da vida, seja recorrente a alguma doença, trauma que tenha sofrido ou da maneira como for. O fato de poder ajudar o outro e conseguir realizar não tem satisfação e motivação maior.

F.: Quando comecei na medicina, minha motivação era dar orgulho aos meus pais. Como uma boa leonina, sempre gostei de elogios, então sempre almejei muito ter a aprovação deles. Mas depois que você mergulha na medicina, vê o quanto consegue mudar a vida das pessoas, tratando doenças e curando.

Na cirurgia plástica, mesmo que você não salve vidas, você renasce a autoestima do paciente, recupera a vontade de sair, de se vestir, de se sentir bem, ajuda a fazer as pazes com o espelho e com o social. Você enxerga o quanto pode melhorar a saúde mental. Cada paciente satisfeito, cada cirurgia que fazemos e superamos você desenvolve melhor as técnicas e uma destreza cada vez maior, que nos motiva ainda mais. Quanto melhor você fica, melhor você quer ficar, quer atingir a perfeição, que é inatingível, então é uma busca eterna.

P.: O que sentiu nos primeiros dias de aula na faculdade?

J.: Senti muita satisfação, principalmente por saber que é uma carreira extremamente concorrida, então já é uma conquista enorme. Eu entrei com 17 anos, então, era muito jovem Eu sabia que qualquer coisa que faria a partir daquele momento influenciaria em quem eu seria no futuro. Nos primeiros dias, senti também ansiedade pela novidade, mudança de vida, amigos novos e, ao mesmo tempo, estava tranquilo por saber como era a rotina, por acompanhar meu pai.

F.: Se eu falar que foi uma realização completa, vou estar mentindo. O início da faculdade de medicina é muito abstrata, é o começo de tudo, são pinceladas de anatomia, fisiologia. Você aprende alé a questão estalística das coisas, como as reações acontecem dentro das células… O contato real, com o paciente, com as doenças, com a vida como ela é, a parte prática, começa no internato, em torno do quarto ano para frente. Os primeiros anos são diferentes sim, mas se eu falar que é algo magnífico, vou estar mentindo.

P.: Como é a relação com a sua família? Como isso reflete em quem você é
hoje?

F.: Minha família sempre foi a base de tudo, a relação com eles é maravilhosa, somos muito próximos. Tudo que eu e o Josué pretendemos fazer na clínica, por exemplo, minha mãe está junto com a gente. Eles fizeram parte de tudo, desde o projeto arquitetônico, até o aluguel da casa, a reforma… À minha irmã também é médica cirurgiã, está fazendo agora cirurgia plástica, meu cunhado também, então todo mundo no ramo, e quem não está, como meu pai que é engenheiro, minha irmã que é administradora, todos tem uma parcela de participação da clínica, e curtimos tudo juntos, cada passo, cada tijolo.

J.: Minha família sempre esteve presente em todas as fases da minha vida. Até hoje, mesmo casado, tomo café da manhã na casa da minha vó, pelo menos, três vezes na semana. É, quem me aconselha e orienta nas decisões. Ela é um ser de luz. Não conheço nenhum ser vivo que não goste ou admire ela, no auge dos 95 anos.

P.: Como foi a sua trajetória até aqui na profissão?

J.: Assim que terminei a faculdade, já iniciei a residência em cirurgia geral. Logo na sequência, fiz a residência em cirurgia plástica. Quando chegou a época de prestar a prova para o título de especialista, a minha nota foi a maior do exame nacional. Depois de dois anos com o título de especialista, eu ascendi a membro titular, já tendo apresentado trabalhos em nível nacional e internacional, sendo premiado e atingindo o grau máximo dentro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, que é ser membro titular.

F.: Logo que me formei em cirurgia plástica, conheci o Josué, que trabalhava na clínica do Dr. Esaú, e comecei a acompanhar o serviço. Fiz
estágio e logo na sequência entrei para a equipe. Desde sempre, o fluxo
de cirurgias e pacientes era muito grande. O Dr. Esaú é um profissional
mega experiente, com uma bagagem absurda, e sempre realizou todo tipo
de cirurgia, reparadora e estética, é um mestre, ouso dizer que o melhor um mestre, ouso dizer que o melhor do mundo.

Nós, como bons pupilos, conseguimos herdar uma boa pitada do que é o Dr. Esaú, seguindo seus passos, sua padronização de cirurgia e seus ensinamentos. Tive muita sorte, desde o início, nos primeiros mergulhos da jornada, já encontrei um gigante.

Desde que me formei, muito jovem, tive um bom número de pacientes, um volume bom de consultório, o que me fez evoluir rápido, também por ter um profissional maravilhoso me guiando.

A principal conquista foi a clínica, com 32 anos, conseguimos montar nossa própria clínica, que é o sonho de todo médico, em uma localização estupenda em Santos e que está indo super bem.

P.: Qual o maior desafio profissional que você já enfrentou e superou?

F.: Na medicina, uma pessoa nunca será igual a outra, então não temos uma fórmula única, não é uma receita de bolo, cada paciente é único. Nosso desafio é diário, o médico é um artesão, mas não trabalhamos com peça de
mármores que vamos lapidando e se errar é só começar de novo. Estamos
lidando com vidas, com limitações anatômicas, de cada tipo de pele, cada organismo e limitações de técnicas. Sempre somos barrados pela parte da segurança, da saúde da pessoa, da imagem. Lidamos com cicatrizes, que são eternas, então a medicina, principalmente na cirurgia, é um eterno desafio.

J.: O maior desafio profissional foi a morte do meu pai, ele faleceu quando eu estava no segundo ano de residência em cirurgia plástica. Eu sempre sonhei em trabalhar junto com ele um dia, mas infelizmente ele adoeceu e ficou durante quase dez anos na cama, decorrente de uma doença neurodegenerativa, mas a esperança sempre esteve presente na nossa vida, era o que o levava para frente, assim como minha mãe que cuidou dele com muito afinco e amor. Depois da sua ausência, me vi sozinho, mas fui acolhido pelo Dr. Esaú, com quem estou junto há 18 anos, e se tornou praticamente meu segundo pai, me orientando em decisões de vida e profissionais.

P.: Como vocês se conheceram?

J.: Já conhecia a Fernanda da época em que ela fazia faculdade. Eu, como ex-aluno, frequentava alguns eventos da instituição de ensino e eventualmente a encontrava e meus olhos brilhavam, mas estávamos em momentos diferentes de vida. Em um determinado congresso, em Belo Horizonte, a gente se reencontrou, mas ainda não era o momento.

Até que nossa hora chegou e desde então, não nos desgrudamos mais. Estamos juntos 24 horas por dia, os sete dias da semana. E foi graças a cirurgia plástica que nos unimos, pois em um destes reencontros em congressos, eu a convidei para acompanhar a rotina da clínica, pois temos um volume grande de pacientes e uma escola de cirurgia plástica incomparável, em nível mundial. Quando ela foi, depois do primeiro dia, não a deixei sair mais estamos juntos desde então, somos unha e carne.

P.: Como o relacionamento se desenrolou e como a medicina ajudou na construção dessa relação?

F.: Quando nos conhecemos e fui fazer o estágio, o Josué me deu um super pontapé, estava na transição de recém- formada, sem experiência para
acompanhar um grande mestre. Como ele estava a muito tempo com o Dr. Esaú, fui para o meio de dois profissionais com bastante experiência e volume cirúrgico me impulsionou demais.

P.: Você se sente realizado com o que conquistou até agora dentro da profissão? Qual o seu maior orgulho?

J.: Olhando para trás e vendo tudo que passou, obviamente fico extremamente feliz e satisfeito. O sonho de qualquer profissional é ter sua própria clínica e completamos um ano em dezembro de 2022.

Acredito que acabou sendo uma das nossas maiores conquistas. Temos muitos sonhos por vir, mas hoje nosso maior orgulho é já ter construído um espaço com a nossa cara e sempre moldando, querendo aprimorar cada
vez mais, para oferecer o que existe de melhor, em termos de tratamento, de jornada do paciente, para entregar não só o melhor resultado cirúrgico, mas também a melhor experiência em termos de atendimento, suporte, retaguarda e infraestrutura.

F.: Me sinto realizada demais, tudo que conquistei acaba sendo até precoce. Montar uma clínica com a dimensão que montamos, em Santos, em uma localização ótima, um volume de consultório muito bom, um número de pacientes maravilhoso, me sinto realizada. Meu maior orgulho é o feedback das pacientes.

As limitações existem, mas quando você se coloca no lugar do outro, dificilmente erra. O reconhecimento que muitas pacientes minhas falam é justamente isso, o carinho que consigo dar e transmitir, trabalhando com tanto amor e cuidando tão bem das pessoas, o simples fato de estender a mão faz muita diferença.

P.: O que mais te surpreendeu nesse caminho? Tem algum sonho ou
plano que ainda deseja realizar?

F.: Às vezes, não temos noção do quanto a autoestima e a autoimagem da pessoa podem mudar completamente a vida dela. Coisas que julgamos simples, que não percebemos como um grande defeito ou grande alteração no corpo ou no rosto de alguém, podem mudar tudo e impactar positivamente.

Alguns veem a cirurgia plástica como algo fútil ou superficial, supérfluo, mas só quem está ali vivendo isso todos os dias sabe como a cabeça se comporta. À pessoa que se sente bem com ela mesma consegue viver melhor, se relacionar melhor com amigos, relacionamentos íntimos, enfim, consegue modificar toda uma vida. É complexo e doido pensar isso.

J.: O que mais me surpreendeu nesse caminho foi ter encontrado o grande amor da minha vida e poder compartilhar com ela a vida pessoal e profissional. À gente sabe conciliar os dois, sem afetar um ou outro, sabemos distinguir bem cada momento.

O sonho que ainda desejo realizar é deixar os futuros herdeiros e que eles sigam nosso caminho, então ter filhos e aumentar nossa família, que hoje somos só eu e ela.

P.: Como enxerga a medicina no Brasil, especialmente na cirurgia plástica?

F.: A cirurgia plástica do Brasil é maravilhosa e não perde em nada para outros países. Quanto a tecnologia, temos as novidades nos Estados Unidos já presentes aqui no país também. Na clínica, temos uma das tecnologias mais novas e avançadas em relação a cirurgia plástica e flacidez de pele, que é o BodyTlte. São só 90 máquinas no Brasil e uma delas é nossa, o que reforça que somos bem avançados.

J.: A cirurgia plástica no Brasil é maravilhosa, uma das melhores do mundo, porque o médico brasileiro é muito criativo, então na falta de algum material, ele se adapta, encontra meios de resolver uma situação da melhor forma.

Apesar da tecnologia, a cirurgia plástica ainda é muito artesanal, depende muito do olhar artístico e técnico do cirurgião e da habilidade manual para obter o melhor resultado. Hoje, temos muitas técnicas para o mesmo tipo de cirurgia, então é necessário avaliar cada caso individualmente e vero que cada paciente precisa, qual a melhor indicação para cada um, não é uma receita de bolo. As tecnologias vem para agregar, mas não substituem a arte e a capacidade técnica do profissional.