Tecidos quentinhos, tons terrosos e texturas naturais ajudam a criar uma atmosfera acolhedora e cheia de personalidade. Especialistas em arquitetura e design de interiores explicam como adaptar os ambientes com pequenos ajustes e sem reformas
Nesse outono, já estamos vivenciando dias que, ao cair da tarde, o ventinho vem dar o ar da graça. Sofás e poltronas se tornam ainda mais acolhedores com a adição de mantinhas que aquecem os moradores enquanto aproveitam a sala de estar.
Com a queda das temperaturas e a vinda do ar mais fresco, essa combinação convida a um novo olhar sobre o nosso lar. Assim como a natureza muda de cor e ritmo, a casa também acompanha esse movimento, ganhando novas camadas de comodidade, estilo e sensações. Por isso, os arquitetos Mariana Meneghisso e Alexandre Pasquotto, à frente da Meneghisso & Pasquotto Arquitetura, se uniram à dupla de arquitetas Danielle Dantas e Paula Passos, que juntas comandam a Dantas & Passos Arquitetura, para compartilhar dicas valiosas sobre como deixar o lar preparado, acolhedor e pronto para vivenciar esse período do ano.
Conforto térmico sem obras
Com o ar mais seco no outono, vale apostar em umidificadores naturais, vasos com água e muitas plantinhas para equilibrar o ambiente | Projeto Meneghisso & Pasquotto Arquitetura | Foto: Divulgação
Mesmo sem reformas, é possível adaptar a casa para os dias mais frios com algumas soluções. Alexandre Pasquotto reforça a importância de observar o isolamento: “Vale a pena corrigir frestas em janelas e portas e sempre permitir a entrada de sol nos horários mais quentes. Além disso, fazer a manutenção do ar-condicionado garante que ele funcione bem no modo aquecedor”, enfatiza.
Com o ar seco se intensificando no frio, os arquitetos recomendam apostar em recursos simples para equilibrar a umidade e para tanto Mariana Meneghisso recomenda a presença de plantas, principalmente, as de folhas largas, dispostas nos ambientes residenciais. Além disso, outra solução da linha natural é dispor recipientes com água nos ambientes ou pendurar toalhas molhadas com o intuito de contribuir com a melhora da qualidade do ar.
Já Paula Passos sugere o uso de cortinas mais encorpadas, que ajudam a manter o calor e ainda decoram. “Para quem tem lareira, chegou a hora de usá-las ou realizar a manutenção. Porém, quem não as tem, as versões portáteis são uma boa pedida e não exigem instalação”, diz.
Aromas que aquecem a alma
As velas aromáticas são grandes aliadas para uma atmosfera de cheiros que acarinham nossas almas.
A ambientação olfativa é igualmente um detalhe poderoso no design sensorial do lar e aromas mais quentes e envolventes fazem toda a diferença. Entre os favoritos da estação estão canela, baunilha, cedro e sândalo.
“Eles podem estar em velas, difusores de varetas, incensos, sachês em gavetas ou sprays de ambiente. Outra forma mais simples de trazer o aroma é ferver cascas de laranja com um pouquinho de cravo, ou mesmo raspas de limão com paus de canela. Em fogo baixo, deixam um aroma delicioso e um clima bem gostoso de outono que estamos vivendo agora”, sugere Mariana.
Detalhes naturais
Complementando a madeira escura presente no projeto de arquitetura, elementos como as almofadas complementam a paleta de tons terrosos.
As arquitetas Danielle Dantas e Paula Passos destacam que esse ano tem uma proposta muito especial. “Como tendência de 2025, a temporada do frio promete ser marcada pelo olhar para a natureza e pelas composições entre o clássico e o contemporâneo com uma forte influência de passado revisitado e memórias afetivas”, explica Danielle.
Contudo, os profissionais não se referem à natureza do verde vivo, mas sim dos terrosos ganhando os espaços. Em arranjos dispostos em vasos, folhagens secas, galhos, pinhas e plantas de gradientes mais fechados decoram ambientes mais afetivos, que aquecem os sentidos e acolhem os dias mais gélidos.
Paleta de cores
Para os dias mais frios, nada melhor do que investir em tecidos que proporcionem conforto térmico para edredons, colchas, travesseiros, mantas e almofadas.
Se o verão pede cores vibrantes e leves, o outono e o inverno convidam à introspecção e isso se reflete diretamente na cartela cromática pautada que também abraça os verdes escurecidos, neutros sofisticados e outras nuances que remetem à natureza. Todavia, a dupla de arquitetos da Meneghisso & Pasquotto Arquitetura faz um alerta para não cometer o excesso de ‘fechar’ demais o ambiente.
Ainda segundo eles, essas tonalidades mais marcantes funcionam muito bem quando equilibradas com o bege, o off-white e os chamados cinzas quentes – aqueles que têm um fundo mais amarronzado e suave.
Para completar, as arquitetas da Dantas & Passos Arquitetura sugerem a cor Pantone 2025, o Mocha Mousse, e o mostarda em mantas, almofadas, tapetes, cortinas, objetos e até na mesa posta, desde que respeitem o estilo e conceito original do décor.

Já as texturas contribuem para o aconchego sensorial e visual. Veludos, lãs, tricôs, couros naturais ou ecológicos, camurças e até mesmo tecidos como o moletom estão em alta. Além disso, materiais como madeira, pedras naturais, palhas, cerâmicas artesanais e tecidos feitos em tear são bem-vindos.
Espaços que merecem atenção especial
Um novo arranjo na mesa de centro com pinhas ou uma capa nova no sofá podem transformar o clima da casa.
‘Vestir’ a casa para os dias frios também é resultado da criatividade e do reaproveitamento daquilo que o morador já tem e, embora todos os ambientes possam refletir uma força calorosa, alguns merecem um pouco mais de dedicação. “Quartos e as salas de estar e de TV são os locais onde mais passamos tempo e que pedem adaptações sazonais”, diz Danielle Dantas.
Roupas de cama em camadas, com mantas sobre colchas e almofadas de diferentes tamanhos e tecidos, são uma forma eficiente de aquecer os quartos. Na sala, o uso de mantas no sofá e tapetes felpudos ou de pelo alto entrega um visual acolhedor e funcional.

Para Mariana e Alexandre, tapetes de inverno e acessórios encontrados em feiras ou brechós são elementos que convidam e podem ser incorporados ao décor sem gastar muito. Além disso, a iluminação também exerce um papel importante. “A temperatura correta da lâmpada faz toda a diferença e a luz branca quente e difusa é perfeita para o final de tarde. Também gostamos da presença de luminárias de piso e abajures que entregam uma luz indireta bastante propícia”, finalizam.
Arquiteto Urbanista pela Universidade Bandeirantes de São Paulo, Técnico em Edificações pela E.T.E. Júlio de Mesquita, Pós-graduando em Cálculo Estrutural pela Ipog, atua na construção civil residencial, industrial e corporativa desde 1992, consultor em dimensionamento, viabilidade e custos no ramo civil. Sócio titular desde 2004 da Meneghisso & Pasquotto Arquitetura.